Provavelmente você está pensando: todo mundo dorme e sabe que quanto melhor dormir, melhor será o dia seguinte. Por que dedicar uma sessão a esse tema?

   Vamos lá.

   De fato, todos dormimos e não temos muita opção. TODOS dormimos e não temos OUTRA OPÇÃO a não ser dormir BEM e o suficiente. Esse é basicamente o único hábito que 100% das espécies no planeta fazem e nunca deixaram de fazer em todas as etapas da evolução. Sabe por quê? Porque o sono é insubstituível. A natureza não disponibilizou nenhuma outra atividade que consiga fazer tudo o que o sono faz para a manutenção da nossa vida: regula a pressão arterial, o metabolismo de glicose, o apetite, previne infecções por equilibrar o sistema imunológico, registra memórias, melhora a interpretação de emoções, a habilidade de se relacionar, ameniza lembranças dolorosas, melhora o aprendizado e a criatividade, entre outros. Como cita o autor Matthew Walker: dormir é o melhor esforço da mãe natureza até agora contra a morte.

   Ou seja, sim, vale dedicar uma sessão a este tema. E não “somente” pela importância fisiológica de respeitar o sono, mas pela influência que todos os nossos outros hábitos têm sobre a qualidade do nosso sono. Ou seja, somos responsáveis pela forma que dormimos e, portanto, pela qualidade da saúde que temos e vivemos.

   Existem doenças relacionadas ao sono que independem do indivíduo, certo? Sim, mas esse percentual é ínfimo perto do número de pessoas que dormem mal simplesmente porque não sabem tudo que fazem na rotina que acabam piorando suas noites.

   A indução do sono não depende apenas do ciclo circadiano e a sua relação com a exposição à luz solar. Ao longo do dia acumulamos substâncias no corpo, como a adenosina no cérebro que geram a “pressão do sono” , que junto à melatonina (produzida quando o sol se põe), avisam ao cérebro e ao corpo quando é a hora de dormir. Nosso corpo também busca outros padrões como a alimentação, a atividade física, a variação de temperatura corporal e até relações sociais para entender qual é a hora de dormir. O seu corpo é inteligente, mas você precisa dar os sinais certos para ele.

   Se cada dia você acorda e vai se deitar em horários diferentes, você confunde seu organismo. Se você consome com frequência álcool, café e nicotina, você bloqueia os mensageiros químicos do sono, tornando-se refém do pouco que sobra para conseguir dormir. Se antes de deitar-se você come algo muito pesado e de difícil digestão ou assiste algo muito agitado, barulhento ou estimulante, seu corpo vai entender que precisa continuar alerta. Se você se deita, mas continua com a tela do seu celular ligada em frente aos olhos, todos os dias, não há cérebro que desligue sozinho. Entende porque a grande maioria de nós está criando para si próprio um contexto oposto ao de boas noites de sono?

   Mas calma, não criemos pânico. Pode parecer difícil, mas não é. Nosso organismo é um excelente amigo e é muito mais impactado pelo que fazemos com frequência, e menos pelo que acontece só de vez em quando. Então, a receita é manter os bons hábitos como escolha na maior parte do tempo e, quando não houver jeito, a sua saúde terá fôlego para suportar uma fase mais turbulenta.

   O conjunto de práticas que ajudam a treinar e preparar o organismo para ter boas noites de sono é chamado atualmente de Higiene do Sono. E, de forma resumida, aqui vão algumas dicas: ter e manter horários definidos para deitar e para acordar, fazer atividade física com regularidade pelo menos 3 horas antes de dormir, não beber cafeína após as 16hrs, evitar o consumo álcool e nicotina, reduzir telas e eletrônicos próximo ao horário de dormir, jantar sempre algo leve e preparar um quarto fresco, escuro e silencioso.

   Lembre-se: esses hábitos existem para te fazer bem, muito bem. Não há nenhum órgão do corpo que não se prejudique com o sono insuficiente. Não se esqueça que o sono é a atividade que melhor resguarda sua saúde. Todo esforço é válido para viver na sua potência máxima, com criatividade, disposição e bem estar, não é?