Em busca de equilíbrio

   Como não poderia deixar de ser, a forma como lidamos com hábitos alimentos, com a comida e com a relação com o alimento são reflexos de quem somos, das nossas crenças, dos nossos medos, dos nossos traumas, dos nossos desejos e do que julgamos ser certo ou errado. A verdade é que há muito tempo a comida deixou de ser apenas fonte de energia para ser um estilo de vida, um refúgio sentimental ou até um símbolo de status. É claro que toda ‘diversão’ atrelada às refeições são válidas e devem ser vividas, mas a rotina de observar o impacto dos alimentos no seu corpo não pode ser esquecida.

   Somos resultado do que comemos, porque comemos, quando comemos e como comemos. Ou seja, vai muito além das calorias e horário do dia. O bem-estar atrelado à alimentação é sobre tirar o melhor do que essa ‘atividade’ pode oferecer, sempre. É dia de comemorar e comer apenas o que gosta? Então viva este momento de forma livre e sem culpa, afinal o objetivo é comemorar. É dia de manter a produtividade alta e seguir com sua rotina de trabalho/estudo? Então perceba que a prioridade é se alimentar com o que há de mais energético e que vai te manter leve e focado. É um dia difícil e você não quer gastar energia pensando na sua alimentação? Atenha-se ao básico, buscando nutrição e autocuidado. Transformar o alimento em terapia nem sempre trás o resultado que se espera. Terminar um dia se sentindo pesado, indisposto ou até com outros sintomas, pode baixar ainda mais o seu ânimo e bem-estar mental.

    A ideia de que a refeição será algo que você gosta muito ou será algo saudável apenas afasta a todos de buscarem o equilíbrio. Dietas restritivas demais dificilmente serão sustentáveis, o que indica que vão durar pouco tempo e podem causar o efeito rebote de negação e sentimento de privação, nos fazendo buscar o oposto nos dias que se seguem. Quanto mais as suas escolhas forem te ajudando a aproximar o que ‘se gosta’ do que ‘te faz bem’, até essas duas ‘classificações’ se misturarem, mais você estará chegando ao que se chama de ‘hábitos saudáveis’. Neste ponto, o indivíduo não está mais ‘fazendo dieta’. Ele apenas vive sabendo reconhecer o momento certo para cada tipo de escolha, sabendo o que cada escolha causa em seu corpo, em sua mente e na sua produtividade.

   Não tem jeito, começar aos poucos é a chave para a mudança de mindset. Ao invés da proibição para alguns alimentos, por que não começar a adicionar itens mais nutritivos ao seu prato? E que tal já levar com você algumas opções para a hora que a fome bater ao invés de buscar uma lanchonete?

   A disciplina relacionada a alimentação saudável não significa rigidez. Significa seguir o seu padrão de qualidade atrelado aos efeitos que deseja. Se o motivo é saúde, ter clareza disso te afasta das amarras visuais e de métricas dos sonhos. Se o motivo é estético, seja sincero com você, busque orientação e não deixe sua saúde de lado para isso.

    Sempre existirão escolhas simples e bem unânimes de como melhorar seus hábitos alimentares, como por exemplo reduzir fritura, açúcar e alimentos processados. Porém, um bom nutricionista será sempre o mais indicado para te guiar até seu objetivo. O caminho, no entanto, deverá ser desenhado em conjunto. Não debater hábitos e escolhas com o profissional é um dos maiores motivos de fracasso. Aqui entra novamente o autoconhecimento. Saiba o que é inegociável para você ou aquilo que você realmente acredita que não vai conseguir adaptar na sua rotina. Negocie, peça ajuda e acredite no caminho que de fato se ajusta para ligar quem você é hoje a quem você deseja ser.

   A melhor dieta é aquela que não tem prazo para acabar. É aquela que você gosta, está adaptado e não quer deixar de fazer. É aquela que não te deixa infeliz e limitado, te permite viver, se divertir e atingir seus objetivos através dos alimentos, através do equilíbrio.